Coroa de flores promete ser um hit no Carnaval

A primavera já passou, mas a estação mais florida do ano parece ter deixado sua marca na cabeça de quem passa o verão em Salvador. Literalmente. Isso graças ao uso das coroas de flores, o acessório que é presença constante nos cabelos de mulheres de todas as idades.
Em eventos como A Feira da Cidade, a Festa de Iemanjá e o Furdunço, diferentes modelos de coroas – também conhecidos como headbands florais – podiam ser vistos enfeitando as madeixas. Coroas com flores grandes, flores pequenas, trançadas no arame ou no couro. E usadas das mais variadas formas: na testa, como faziam os hippies dos anos 60, ou no estilo clássico da tiara de Alice No País Das Maravilhas.
A moda que pegou entre as soteropolitanas não é, no entanto, recente. Sua origem tem raízes que se fincam na mitologia grega e nos rituais celtas. Agora, o acessório vem à baila trazendo a imagem da delicadeza e do romantismo.
Feito à mão
Encontrar as coroas de flores não é uma tarefa difícil. Seja pelas ruas de Salvador, em pequenas bancas e expositores, ou em lojas maiores nos centros de compras, o acessório é oferecido nos mais variados modelos – e com a delicadeza de uma peça feita à mão.
“Essas coroas vêm sendo tendência desde o ano passado”, comenta Illy Gouveia, 27, dona da marca Baiana Zen. Ela conta que as coroas de flores sempre são feitas para o Carnaval, mas que a procura agora se intensificou. Quem confecciona os modelos é a mãe de Illy, Mônica, 49, e sua avó, Dilma, de 80 anos. “Todo ano elas fazem essas coroas para a gente vender no Carnaval”.
Para quem trabalha com artesanato, o headband floral é uma boa pedida para soltar a criatividade. “Eu me inspirei na moda romana”, diz Roméria Maria, 31. Turismóloga e artesã, ela vem trabalhando com as coroas de flores por dois Carnavais, vendendo os modelos entre R$ 15 e R$ 20 – na folia, para homens e mulheres. “Eles adoram essas coisas para chamar atenção”, explica.
Raízes do acessório
A presença da coroa de flores, ainda que constante, não é exclusiva desse verão. Na mitologia grega, o adereço adorna os cabelos das ninfas e fadas, passando a imagem da delicadeza e da ligação com a natureza. Outra referência ao uso do objeto vem do início dos Jogos Olímpicos, quando os vencedores recebiam coroas de louros durante a premiação. “Na Era Moderna, vimos muitas edições das olimpíadas ornarem as cabeças dos ganhadores das provas com coroas de flores”, explica Mauricio Portela, especialista em Moda, Arte e Contemporaneidade e professor de Moda na Unifacs.
Na mitologia celta, as coroas de flores são usadas pelas mulheres durante o ritual pagão de Ostara, celebrado no equinócio da primavera. Durante as festividades, a coroa é usada como um símbolo da fertilidade e da ligação com a natureza. “As fadas e ninfas da mitologia celta e anglo-saxã, e também descritas por William Shakespeare em Sonhos de uma Noite de Verão, usavam seus cabelos ornados com flores e frutos silvestres”, explica o professor.
Quando usado na testa, o acessório lembra os headbands utilizados durante o movimento hippie dos anos 60. E, de acordo com Portela, além do acessório feito com couro, as coroas de flores também eram utilizadas. Na época, o intuito era mostrar uma atitude de rebeldia perante a sociedade, além de uma imagem mais ligada ao primitivo e à natureza.
Em 2012, a coroa de flores se tornou famosa após a cantora norte-americana Lana Del Rey estampar a capa de um EP com os cabelos enfeitados pelo acessório. Agora, a imagem que o adorno passa é, muitas vezes, associada ao romantismo e à delicadeza. Em todas as idades. Licia Fontes, empresária de 54 anos, usou a coroa de flores pela primeira vez no mês passado, durante uma viagem para Fortaleza. Ela conta que viu muitas pessoas usando o headband. “Lembra o tempo inocente e romântico que vivemos no passado”,